Por que preciso ser salvo? De que preciso ser salvo? Essas são questões que marcaram minha constituição como indivíduo. Na medida em que me distanciava das raízes religiosas que me formaram, a pergunta pelo sentido me oprimia ainda mais. O contato com a arte me ofereceu a possibilidade de ressignificar criticamente minha experiência com o mundo. Reescrevendo o texto bíblico “Esquecereis a verdade, e a relatividade vos libertará”, me vi caminhando guiado pela curiosidade em observar as experiências de busca de sentido e de fé de outras pessoas. Desse modo, aproveitei as oportunidades de aproximação com diversas tradições de sabedoria. Depois de um tempo de registros me vi envolvido com o projeto que agora chamo de experimentos religiosos. A escolha do nome retrata bem a minha postura diante do fenômeno religioso, pois mantenho o distanciamento que julgo ser necessário para a pesquisa/fotográfica, além dos cuidados éticos e de respeito à dignidade das tradições e das pessoas envolvidas. Experimentos religiosos reúne perspectivas sobre o cenário religioso popular brasileiro. São vivências do cotidiano religioso que capturo buscando na dinâmica da fé um clamor estético e ético. Aqui se expõe o credo da vida que silencia, baila, busca, ora e tece as teias do sentido. A partir desses trabalhos me coloco também a seguinte questão: Posso eu captar a humana pergunta pelo sentido?